sábado, 24 de outubro de 2009
Freire...
Ensinar exige criticidade
Pedagogia do Oprimido por Henry Giroux
CELEBRAÇÃO
terça-feira, 29 de setembro de 2009
Um pouco de Mario Sergio Cortela
De forma alguma. Ideologias são utopias, isto é, o desejo do “inédito viável”. Fica mais claro quando a vemos como um horizonte, tal como bem escreveu Eduardo Galeano [jornalista e escritor uruguaio]: "A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar".
Sou um apreciador contumaz de biografias e, agora, mergulhei na “biografia de livros”, isto é, história e gênese de grandes obras literárias da humanidade. Há uma coleção da editora Jorge Zahar chamada Livros Que Mudaram o Mundo e dela já conclui a leitura de A Bíblia - Uma Biografia, de Karen Armstrong; Ilíada e Odisseia (ambas de Homero), de Alberto Manguel, e O Capital (de Marx), de Francis Wheen. No momento, estou quase terminando de ler O Corão - Uma Biografia, de Bruce Lawrence. Música, ouço o tempo todo, durante os voos, na espera nos aeroportos, nos deslocamentos terrestres. Quase sempre é Mozart (com prioridade para o Concerto 20 para Piano), Bach (cantatas, com total prioridade para a Cantata 140) e obras minimalistas de Philip Glass (com destaque para a trilha do filme Mishima).
Há obras pelas quais é preciso passear, não para demonstrar erudição inútil, mas como forma de partilhar o gênio humano em forma de texto. Algumas delas? A República, de Platão; Ética a Nicômaco, de Aristóteles; As Confissões, de Agostinho; Discurso do Método, de Descartes. No entanto, como pode ser árido no começo, vale visitar antes o livro Dicionário de Obras Filosóficas, de Denis Huisman, publicado no Brasil pela Martins Fontes. A partir dele a inspiração mais fundamentada ajudará o novo caminho. Se quiser, porém, algo mais inicial, há um livro que escrevi com Silmara Casadei, que se chama O Que é a Pergunta?, publicado pela Cortez. É um passeio na história humana em busca das grandes perguntas e dos grandes perguntadores. Filmes são centenas, mas o princípio agradável é aquele que instiga e provoca, como Ran, de Akira Kurosawa; Amarcord, de Fellini, ou Zardoz, de John Boorman.
MARIO SERGIO CORTELLA é filósofo com mestrado e doutorado em educação pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), na qual é professor titular do Departamento de Fundamentos da Educação e da Pós-Graduação em Educação desde 1977. Atuou por 32 anos também no Departamento de Teologia e Ciências da Religião na mesma universidade. É docente convidado da Fundação Dom Cabral e do GVpec da FGV-SP. Foi secretário municipal de Educação de São Paulo (1991-1992). É autor, entre outras obras, de A Escola e o Conhecimento (Cortez), Nos Labirintos da Moral, com Yves de La Taille (Papirus), Não Espere Pelo Epitáfio: Provocações Filosóficas (Vozes), Não Nascemos Prontos! (Vozes), Sobre a Esperança: Diálogo, com Frei Betto (Papirus), O que é a Pergunta?, com Silmara Casadei (Cortez), Liderança em Foco, com Eugênio Mussak (Papirus) e Qual é a Tua Obra? Inquietações Propositivas sobre Gestão, Liderança e Ética (Vozes).
domingo, 27 de setembro de 2009
terça-feira, 15 de setembro de 2009
A alegria de ser educador...
domingo, 13 de setembro de 2009
A educação para Freire
Paulo Freire e Carlos Alberto Torres - Entrevista
Paulo Freire e Antonio Gramsci - Aproximação Possível
PAULO FREIRE E ANTONIO GRAMSCI OU A FILOSOFIA DA PRAXIS NA AÇÃO PEDAGÓGICA
Peri Mesquida – Mestrado em Educação – PUCPR
Silvana Regina O. Rossete – Mestranda em educação – PUCPR
Geralda de Fátima Paschoal – Mestranda em educação – PUCPR.
Resumo
Durante sua permanência no Chile (1964 – 1969), Paulo Freire se reencontrou com o materialismo dialético e histórico e aprofundou as leituras das obras de Karl Marx e Friederich Engels. No entanto, entre os autores marxistas com os quais entrou em contato quem mais o impressionou foi Antonio Gramsci (1893 – 1937). Iremos, pois, nesta comunicação, aproximar conceitos de Gramsci com outros de Paulo Freire (1921 – 1997), à luz, no caso de Freire, da obra intitulada “Pedagogia do Oprimido” e, no que diz respeito a Gramsci, usaremos os “Quaderni del carcere”, edição de 1975. Freire começou a refletir sobre a educação e a colocar em prática suas idéias pedagógicas a partir, em especial, da metade da década de 1950, enquanto Gramsci, italiano, desenvolveu sua obra política, sociológica e filosófica, em particular, de 1916 a 1937. Freire centrou sua atenção sobre aqueles que ele chamava de “oprimidos” do capitalismo periférico, isto é, sobre aqueles a quem a
“palavra havia sido negada”; Gramsci centrou sua reflexão e sua ação, particularmente, sobre os operários italianos e sobre os que sofriam a opressão facista na Itália. Tanto em um caso quanto no outro, tratava-se do Estado utilizando continuamente a força (coerção) e às vezes a persuasão (formação da mentalidade) para exercitar o poder de maneira a não ter qualquer tipo de oposição; Freire buscou em autores, sobretudo europeus, mas também norte-americanos (Horace Mann, J. Dewey), as idéias que poderiam lhe oferecer elementos teóricos sólidos para construir um “edifício’ epistemológico capaz dar sustentação a uma teoria da educação que tivesse condições de nutrir uma prática pedagógica libertadora; Gramsci buscou as categorias filosóficas e sociológicas que serviram de base para sua reflexão e sua ação, particularmente em Karl Marx, F. Engels, e Lênin.
Palavras-chave: educação, filosofia da práxis, pedagogia, libertação.
Texto apresentado no EDUCERE/2006/PUCPR. Disponível em http://www.pucpr.br/
domingo, 6 de setembro de 2009
Paulo Freire: UTOPIA E ESPERANÇA por Mario Sergio Cortela
ILUSÃO DE ÉTICA
Dez anos já se passaram desde que, no final da madrugada de 2 de maio de 1997 (uma sexta-feira, dia chamado de veneris no calendário romano da Antigüidade, em homenagem a Vênus, deusa do Amor...), aconteceu a morte do corpo de Paulo Freire. Dez sem ouvir, de viva voz, o Mestre nos alertando para os riscos da complacência política e da conivência ingênua.
Dez anos sem escutar, dito por ele mesmo, um verbo que preciosamente inventara: “miopisar”. Em Paris, em 1986, ao receber o Prêmio Educação para a Paz da Unesco disse: “De anônimas gentes, sofridas gentes, exploradas gentes aprendi, sobretudo, que a paz é fundamental, indispensável, mas que a paz implica lutar por ela. A paz se cria, se constrói na e pela superação de realidades sociais perversas. A paz se cria, se constrói na construção incessante da justiça social. Por isso, não creio em nenhum esforço chamado de educação para a paz que, em lugar de desvelar o mundo das injustiças, o torna opaco e tenta miopisar as suas vítimas”.
Miopisar! Deixar míope, dificultar a visão, distorcer o foco. Isso nos lembra a conjuntura atual da República brasileira, na qual muitos daqueles aos quais cabe constitucionalmente a tarefa de proteger a Justiça, a Democracia e a Cidadania, fraturam a honradez e a legitimidade social, impondo, mais do que uma ilusão de ótica, uma ilusão de Ética. É a transformação em “normal” de uma opaca ética do vale-tudo, do uso privado dos recursos públicos, do exercício da autoridade legislativa para tungar benesses particulares, da outorga judiciária para obter a locupletação exclusiva.
É claro que a incúria, a malversação, a prevaricação, a fraude e a negligência são temas cotidianos e recorrentes durante toda a nossa história, mas, não precisam continuar sendo... E, só não o serão mais se não os considerarmos como inevitáveis, naturais ou, até, normais. A novidade, porém, é que, no momento em que há mais divulgação e mecanismos legais de defesa contra tais desmandos e tresvarios, parece que o espaço pedagógico não vem tocando muito nesses temas (que não são nada transversais ou oblíquos e, sim, centrais e primordiais).
Paulo Freire ficaria fraternalmente irado! Irado com o entorpecimento que acomete muitas e muitos de nós que atuamos em Educação; ele com certeza brandiria a Pedagogia da indignação contra a eventual demora em transformar esse contexto nacional eticamente turbulento em um tema-gerador diário de nossa reflexão na comunidade escolar, de modo a favorecermos a rejeição ao fatalismo e à cumplicidade involuntária. É provável, também, que nosso saudoso educador pernambucano nos relembrasse que “a melhor maneira que a gente tem de fazer possível amanhã alguma coisa que não é possível de ser feita hoje, é fazer hoje aquilo que hoje pode ser feito. Mas se eu não fizer hoje o que hoje pode ser feito e tentar fazer hoje o que hoje não pode ser feito, dificilmente eu faço amanhã o que hoje também não pude fazer...”.
sexta-feira, 4 de setembro de 2009
O diálogo para Freire
A escola para Freire
CANÇÃO ÓBVIA
repousar do muito que farei,
enquanto esperarei por ti.
Quem espera na pura espera
vive um tempo de espera vã.
Por isto, enquanto te espero
trabalharei os campos e
conversarei com os homens
Suarei meu corpo, que o sol queimará;
minhas mãos ficarão calejadas;
meus pés aprenderão o mistério dos caminhos;
meus ouvidos ouvirão mais,
meus olhos verão o que antes não viam,
enquanto esperarei por ti.
Não te esperarei na pura espera
porque o meu tempo de espera é um
tempo de quefazer.
Desconfiarei daqueles que virão dizer-me,
em voz baixa e precavidos:
É perigoso agir
É perigoso falar
É perigoso andar
É perigoso esperar, na forma em que esperas,
porquê esses recusam a alegria de tua chegada.
Desconfiarei também daqueles que virão dizer-me,
com palavras fáceis, que já chegaste,
porque esses, ao anunciar-te ingenuamente ,
antes te denunciam.
Estarei preparando a tua chegada
como o jardineiro prepara o jardim
para a rosa que se abrirá na primavera.
Paulo Freire
Genebra, março 1971.