sábado, 24 de outubro de 2009

Freire...

" A grande força sobre que alicerçar-se a nova rebeldia é a ética universal do ser humano e não a do mercado, insensível a todo reclamo das gentes e apenas aberta à gulodice do lucro. É a ética da solidariedade humana...Prefiro ser criticado como idealista e sonhador inveterado por continuar, sem relutar, a apostar no ser humano, a me bater por uma legislação que o defenda contra as arrancadas agressivas e injustas de quem transgride a própria ética." (Pedagogia da Autonomia)

Ensinar exige criticidade

" Não há para mim, na diferença e na 'distância' entre a ingenuidade e a criticidade, entre o saber de pura experiência feito e o que resulta dos procedimentos metodicamante rigorosos, uma ruptura, mas uma superação. A superação e não a ruptura se dá na medida em que a curiosidade ingênua, sem deixar de ser curiosidade, ao contrário, sem deixar de ser curiosidade, se criticiza. Ao criticizar-se, tornando-se então, permito-me repetir, curiosidade epistemológica, metodicamente 'rigorizando-se' na sua aproximação ao objeto, conota seus achados de maior exatidão. Na verdade, a curiosidade ingênua que, 'desarmada', está associada ao saber do senso comum, é a mesma curiosidade que, criticizando-se, aproximando-se de forma cada vez mais metodicamente rigorosa do objeto cognoscível, se torna curiosidade epistemológica. Muda de qualidade mas não de essência."

                                           Paulo Freire (Pedagogia da Autonomia)

Pedagogia do Oprimido por Henry Giroux

   " Em primeiro lugar, Pedagogia do Oprimido reescreve a narrativa da educação como um projeto político que, ao mesmo tempo, rompe as múltiplas formas de dominação e amplia os princípios e práticas da dignidade humana, liberdade e justiça social.  Em segundo lugar, Pedagogia do Oprimido retraça o trabalho de ensinar como prática de todos os trabalhadores culturais engajados na construção e organização do conhecimento, desejos, valores e práticas sociais. Ensinar, nos termos de Freire, não é simplesmente estar na sala de aula, mas estar na história, na esfera mais ampla de um imaginário político que oferece aos educadores a oportunidade de uma enorme coleção de campos para mobilizar conhecimentos e desejos que podem levar a mudanças significativas na minimização do grau de opressão na vida das pessoas."

Henry A. Giroux, professor na Universidade da Pensilvânia, um dos mais importantes educadores norte-americanos. Autor de Teoria Crítica e Resistência em Educação

CELEBRAÇÃO

     Sempre chega um dia de nossa vida em que nos tornamos conscientes de que simplesmente somos. Não pedimos para estar aqui,não optamos por estar aqui, simplesmente estamos aqui. Alguns de nós chegam ao mundo com o pleno usufruto e potência de todos os sentidos, outros não. Alguns de nós nascem em meio à riqueza e à abundância, outros em meio à pobreza e à necessidade. Todos entramos na vida com variações de cor de pele, gêneros sexuais e etnias diferentes. Todos passamos a vida em diferentes partes do mundo e em diferentes posições sociais. Todos vivermos a vida de acordo com as matrizes de visões de mundo diferentes. Apesar de toda a variedade e diferenças, temos uma coisa em comum. Todos recebemos a dádiva da vida. Embora todos vivenciem a dor e o sofrimento, provavelmente sem nenhuma justiça aparente, todos sentimos, em certos momentos da vida, a alegria de simplesmente existir. A dádiva da vida é tão preciosa que superamos grandes dificuldades para continuar vivos e ver o que nossa existência nos reserva no futuro. Não sentimos alegria por viver sozinhos. Desde os primórdios de nossa origens, sentimos a alegria de viver na matriz da vida comunitária. A expressão alegria de viver é o âmago daquilo que chamamos de celebração.
 Edmund O'Sullivan - Aprendizagem Transformadora